A fintech de pagamentos Pagaleve, especializada em viabilizar compras com Pix parcelado no varejo, acaba de levantar R$ 250 milhões para colocar de pé o seu primeiro FIDC, com recursos da plataforma belga de investimentos Credix Finance.
No mercado desde 2021, a startup vinha financiando suas operações com capital levantado em rodadas de equity. Desde então, captou mais de R$ 100 milhões com investidores como BB Ventures (CVC do Banco do Brasil que tem a MSW Capital como gestora), Salesforce Ventures, OIF Ventures, Entrée Capital. A última captação foi uma extensão da série A realizada em 2022.
A principal atividade da Pagaleve é proporcionar transações com Pix parcelado no ecommerce. Assim como PagSeguro e Mercado Pago, por exemplo, fornecem a tecnologia para viabilizar compras online no cartão de crédito, a Pagaleve faz o mesmo para o Pix parcelado, que passa a ser uma opção a mais de pagamento — tudo sem sair do ambiente da loja.
Para definir os juros que vai cobrar do consumidor e o número de parcelas, a Pagaleve afirma que consegue fazer a análise em menos de dois segundos, ao considerar variáveis que vão além do perfil de quem está comprando, mas também o produto, o horário, o dia e a recorrência, entre outros pontos. A depender da análise, a Pagaleve também pode dar como opção o pagamento quinzenal sem juros, uma oferta que surgiu a partir de um estudo do público.
“Vimos que fazia sentido ter essa opção porque boa parte das empresas trabalha com adiantamento quinzenal de salários. E mesmo entre autônomos, o fluxo de caixa é semanal e às vezes diário”, afirma o CEO e cofundador da companhia, Henrique Weaver. “Com isso, conseguimos ter inadimplência mais baixa, prazo menor e custo de capital mais baixo. Além de ter uma operação mais saudável, conseguimos assumir mais risco e ter uma taxa de aprovação mais alta, hoje em 60%.
” Entre as varejistas que trabalham com a Pagaleve estão nomes como Farm, Chilli Beans, Fila, Authentic Feet, Farmácias PagueMenos e Polishop. Ao todo, são cerca de 5,8 mil marcas. A expectativa é chegar a 10 mil até o fim deste ano. Cerca de 90% das transações são no ecommerce e o restante no varejo físico, com o QR Code nas maquininhas, por exemplo.
Além de ser um fornecedor para as marcas, a Pagaleve tem um relacionamento direto com os consumidores, fazendo a cobrança das parcelas que faltam. Também conta com um app e um site para que o público consulte as lojas que disponibilizam o seu Pix parcelado. A taxa de inadimplência dos consumidores, segundo o CEO, tem ficado abaixo de 2%.
No mercado de consumo, o Pix parcelado tem surgido como um concorrente da compra parcelada no cartão de crédito, mas com a desvantagem de cobrar juros. Tanto que a Pagaleve acreditava que a maior parte dos usuários seria formada por pessoas sem cartão, mas acabou se surpreendendo ao perceber que a maioria dos que usam o Pix parcelado são consumidores que já têm um cartão ativo.
“São pessoas que querem um poder de compra maior que o limite do cartão, ou que não gostam de usar cartão.” Segundo ele, cerca de 30% dos usuários da Pagaleve têm um cartão ativo. Desde sua fundação, a Pagaleve registra cerca de 1 milhão de CPFs que já recorreram ao seu Pix parcelado.
Com o dinheiro do FIDC, a startup pretende acelerar o que já faz e também incluir novos serviços, como antecipação de recebíveis para os varejistas. A expectativa é que os recursos sejam consumidos até o fim de 2025.
A Pagaleve não revela o quanto processa em transações, mas opera como instituição de pagamentos não regulada pelo Banco Central. Para ser regulada, é preciso ter um volume anual mínimo de R$ 500 milhões. A startup está se preparando para pedir a licença para operar como SCD (Sociedade de Crédito Direto).