Butique financeira e gestora de fundos, a Paramis Capital acaba de fechar uma sociedade com a Convest Consultoria para gestão de fortunas. As duas vão seguir com suas atividades separadamente, com a Convest mantendo a carteira atual de wealth e a Paramis tocando suas estruturações e asset, mas começam esforços conjuntos de captação e gestão na joint venture.
A Paramis Convest começa com 50% de participação para cada, com janelas de aferição na sociedade. “Ao longo do tempo, com base na carteira de clientes, vamos ajustando as participações, até que a JV e a Convest sejam integradas à plataforma da Paramis”, conta Danilo Ribeiro, CEO da Paramis Capital, ao Pipeline.
Com capital de sócios, amigos e alguns clientes que já se manifestaram, a JV nasce com cerca de R$ 1 bilhão sob gestão, trazidos principalmente pela Paramis, que tinha demanda reprimida. “Nossa meta é dobrar esse volume nos próximos 24 meses, um ritmo que permite diluir custos fixos sem perder qualidade”, afirma André Zylberberg, sócio-gestor da Convest.
A Paramis faz estruturação de dívida e fundos há 15 anos e chegou a ter uma participação na antiga gestora carioca GAP. Depois, acabou abrindo sua própria asset e, há dois anos, fechou uma associação com a InvestSmart, por meio de troca de ações – o escritório filiado à XP virou sócio da holding que controla a Paramis. Um entra com a originação, o outro com aporte.
“A InvestSmart traz o primeiro dinheiro para cada uma das estratégias dentro da nossa asset, como fundo imobiliário, fundo de crédito e agora mais recentemente fundo quant”, diz Ribeiro. “Não há conflito com a parceria com a Convest, pois uma não acessa a base de clientes da outra. Teremos mais sinergia com o IB, já que a gente ajuda a dar liquidez para empresas e empresários mas esse capital acabava ficando outros multifamily offices.”
Para a Convest, a sociedade é uma oportunidade de escala e de acesso a produtos originados no mercado local pela sócia. A Convest começou cedo, ainda em 1977, com a gestão de fortunas offshore, e passou por uma modernização com a chegada de Zylberberg. “A casa era muito voltada para aquele dinheiro antigo, que já estava há muito tempo no exterior e com pouca interação com o cliente. Agregamos a gestão local e sentimos a necessidade de um novo pulo, para ganhar escala”, conta ele.
A Convest gere R$ 800 milhões, cerca de 60% offshore. Segundo o sócio, conversas com diferentes casas não avançaram por modelos de negócios pouco complementares. “Aí esbarramos no Danilo. Eles não fazem nada do que a gente faz e poderiam trazer o que não temos”, resume. A Convest tem experiência em questões tributárias e a Paramis tem atuado em originação de crédito, que se tornou relevante para carteiras locais.
“Há uma briga de foice em gestão de fortunas pelo cliente acima de R$ 50 milhões e abaixo de R$ 5 milhões. Nesse intervalo, há um universo de pessoas que não estão bem atendidas e se sentem mais confortáveis em butiques, com o gestor que conhece a família e as necessidades, ao invés de ganhar ingresso para Roland Garros”, provoca Zylberberg sobre as práticas comercias de grandes bancos.
A Paramis Convest também pode consolidar outras casas de wealth, que tenham escala e proposta semelhante – mas não há negociação em curso no momento.