As startups latino-americanas estão em alta: segundo a plataforma de inovação Distrito, de janeiro a março deste ano, US$ 935,98 milhões foram investidos nessas empresas. Foram 181 rodadas no período, o que representa uma alta de 42,95% em relação ao mesmo período no ano anterior. O desempenho chama ainda mais a atenção já que o Brasil observou uma queda nos três primeiros meses do ano: foram US$ 347,14 milhões investidos, contra US$ 571,88 milhões do ano passado.
“Hoje há três vezes mais negócios e investimentos do que havia em 2017, e as pessoas estão bem mais dispostas a correr riscos”, dise Izabel Gallera, sócia do Canary – fundo especializado em investimentos early stage na América Latina –, durante palestra realizada na terça-feira (16), dentro do Web Summit Rio.
Em entrevistsa a Época NEGÓCIOS, Gustavo Araújo, co-fundador e CTO da Distrito, destaca o aumento da participação do México e da Colômbia no volume de investimentos – principalmente pelos aportes de fundos de corporate venture capital (CVCs). “As fintechs do México e da Colômbia se beneficiaram de um ambiente macroeconômico mais favorável em seus países, atraindo novas rodadas de investimento”, disse.
Ao contrário do que acontece no Brasil, as startups mexicanas se beneficiam até hoje da retomada econômica proporcionada pelo fim da pandemia. É o que diz Francisco Santín, fundador e CEO da SoilTronix, que desenvolve soluções tecnológicas para a agricultura.
Santín foi um dos representantes do ecossistema latino-americano a marcar presença no Web Summit Rio 2024. Neste ano, o evento carioca se preocupou em trazer mais startups da região – em 2023, elas eram mais escassas. Entre os países com mais representantes, estão a Argentina (15 negócios) e o Uruguai (11). Também estão presentes fundadores da Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Panamá e Peru.
Para Emilia Vicini, co-fundadora da argentina Kadre, que ajuda a conectar talentos em tecnologia da América Latina com companhias nos Estados Unidos e na União Europeia, o crescimento do ecossistema latino-americano se deve “à melhora de qualidade dos produtos e serviços oferecidos pelas startups. “Além disso, hoje há uma variedade de incubadoras e aceleradoras no continente, e empreendedores com ideias disruptivas que merecem seu apoio”, diz.
Outra startup que veio mostrar seus serviços por aqui foi a equatoriana Kushki, que alcançou o status de unicórnio em 2021, com sua solução de infraestrutura de pagamentos. A empresa atua no México, Colômbia, Peru e Chile, e pensa em expandir para outros mercados. “Há 10 anos, investidores só falavam do Brasil quando pensavam em Latam. Mas agora temos outros países contribuindo para o cenário de inovação”, afirmou a Época NEGÓCIOS.
Em comum, todas essas startups vieram ao Brasil para fazer networking, chegar a grandes players e mostrar que os países latino-americanos se tornaram terreno fértil para investidores globais. “A importância da conferência está na rede de contatos entre fundadores, CEOs e investidores, e em conhecer pessoas com diferentes soluções”, afirmou Francisco Santín, da SoilTronix. “Esperamos nos conectar com o ecossistema empreendedor do Rio de Janeiro.”
Emilia Vicini, pela primeira vez no evento, disse que um dos seus objetivos para vir é mostrar como sua startup pode ajudar as companhias a crescer. “Queremos passar tudo que sabemos e entender as novidades do ecossistema. A América Latina é um grande mercado, com mentes brilhantes”, destacou.
Para Sebastian Castro Galnares, é muito legal ver grandes players: “Estão percebendo que é um lugar incrível para investir”.