A startup suíça Climeworks inaugurou no útimo dia 9 a maior fábrica de captura de CO2 do mundo nas terras vulcânicas da Islândia. A Mammoth é quase dez vezes maior que a Orca, até então a maior unidade operacional de captura direta de ar (DAC) do mundo para retirar dióxido de carbono da atmosfera.
Com seus 72 contêineres ventiladores, a usina tem capacidade de capturar 36.000 toneladas métricas de CO2 por ano e estará totalmente concluída até o final de 2024. Localizada no topo de um vulcão adormecido, a fábrica se beneficia da energia renovável proveniente da central geotérmica de Hellisheidi, que alimenta tanto a Mammoth quanto a Orca, uma unidade menor e mais antiga da Climeworks.
Essa eletricidade também permite aquecer os filtros químicos no interior dos ventiladores para extrair o CO2 graças ao vapor d’água.
Como o CO2 é extraído?
O dióxido de carbono, principal responsável pelo aquecimento global, é separado do vapor e comprimido em um hangar com enormes tubulações.
Finalmente é dissolvido em água, que é bombeada até o subsolo e reutilizada ao máximo devido a uma “espécie de máquina de refrigerante gigante”, explica Bergur Sigfusson, responsável da empresa Carbfix que desenvolveu o procedimento.
Um poço cavado sob uma pequena cúpula futurista permite injetar a 700 metros de profundidade essa água que, em contato com o basalto vulcânico que constitui cerca de 90% do subsolo islandês, reage com o magnésio, o cálcio e o ferro contidos na rocha para criar cristais que serão verdadeiras reservas sólidas de CO2.
Embora a tecnologia de captura direta de ar ofereça uma solução promissora para combater as mudanças climáticas, alguns críticos alertam para os altos custos envolvidos e o risco de desviar o foco das empresas da redução direta de emissões.
A Climeworks não detalhou o custo por tonelada de remoção na planta Mammoth, mas disse que está buscando reduzir os custos da tecnologia para US$ 400-600 por tonelada até 2030 e US$ 200-350 por tonelada até 2040.
Rumo ao net zero
Para alcançar a neutralidade de carbono antes de 2050, “entre 6 e 16 bilhões de toneladas precisarão ser retiradas do ar todos os anos, grande parte delas graças a soluções tecnológicas”, disse Jan Wurzbacher, cofundador e codiretor da Climeworks na inauguração dos primeiros 12 ventiladores da Mammoth.
“Não apenas nós, outras empresas devem participar”, acrescentou o responsável, que fixa para sua empresas de 520 empregados o objetivo de chegar a milhões de toneladas em 2030 e se aproximar do bilhão em 2050.
Três anos após a abertura da Orca, a Climeworks aumentará de 4.000 para 40.000 toneladas de CO2 capturadas quando a Mammoth estiver operando em sua capacidade total, uma quantidade ínfima comparável ao que é emitido globalmente em apenas alguns segundos.
O painel de especialistas em clima da ONU acredita que essas técnicas de remoção de CO2 serão necessárias para cumprir os compromissos do Acordo de Paris, mas eles priorizam a redução maciça das emissões.
*Com informações da AFP e da Reuters