As startups de venda de material de construção para lojistas Sooper e Tul anunciam hoje (12) uma fusão dos negócios.
A Sooper foi fundada em 2021 por Rafaela Khouri, ex-diretora de B2B do QuintoAndar, e recebeu aportes de Kaszek, Canary, Valor Capital, Globo Ventures e Alter. A Tul, que é colombiana, nasceu em 2020 e chegou ao Brasil em meados de 2022. Com investimento do Monashees, SoftBank, Lightrock, Coatue, Tiger Global, Marathon Labs, Vine Ventures, a empresa opera ainda no México.
Enrique Villamarin, cofundador e CEO da Tul, afirma que hoje 25% da receita da empresa vem do Brasil, enquanto a Colômbia fica com 50%. Após a fusão, tanto Brasil quanto o país natal do negócio terão 40% de participação.
As empresas não abrem os valores da negociação. Villamarin segue como CEO, agora também comandando a Sooper, com Khouri como country manager do Brasil.
A aproximação entre os negócios já vinha acontecendo desde antes da chegada da Tul ao Brasil, porque os fundos investidores se conheciam.
As empresas foram criadas em um momento de expansão das startups, com fartos recursos de venture capital. Nos últimos anos o cenário tem sido diferente. Villamarin reconhece que o dinheiro para startups secou, mas diz que a empresa não corre riscos no momento. Para Khouri, a fusão não tem relação com uma dificuldade em conseguir investimentos, mas tem entre seus objetivos criar uma empresa “financeiramente sustentável, que consegue andar com as próprias pernas”. É uma forma de ficar mais forte para enfrentar o mercado de materiais de construção, que ainda é muito analógico e descentralizado, afirma.
As empresas já tinham um funcionamento parecido, fazendo a ligação entre indústrias e lojistas, que vão de atacadistas a pequenos comércios de bairro. O valor está em oferecer estoque de forma rápida, via pedidos pela internet. A Sooper já tinha um centro de distribuição no Brás, região central de São Paulo, que facilita a logística de “última milha” dos pedidos.
As companhias começam agora um período de adaptação que deve durar cerca de 90 dias, até a fusão estar completa. Enquanto isso, os dois nomes serão mantidos. Khouri afirma que, provavelmente, só um será usado no futuro. “Ainda não sabemos qual.”
Somadas, Sooper e Tul atendem 10 mil clientes, mas querem dobrar esse volume ainda neste ano.
O segmento de material de construção não tem apresentado grande crescimento. Houve queda de 2,1% no faturamento do setor em 2023, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), e alta de 2% entre janeiro e abril de 2024. Khouri afirma que, por serem empresas novas, com muito mercado a conquistar, os negócios são menos afetados por flutuações setoriais.
No mercado nacional, a Juntos Somos Mais, joint venture de Votorantim Cimentos, Gerdau e Tigre, também atua como marketplace e atende cerca de 15 mil lojistas ao mês. Para Khouri, a competição é positiva. “Qualquer empresa que esteja remando esse barco de digitalizar, de trazer inovação, como a Juntos, é benéfica”.